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A importância da língua portuguesa

 

          Na atualidade, o diálogo entre povos de diferentes culturas revela-se cada vez mais presente. O mundo é inegavelmente marcado pelo signo da globalização e, no âmbito linguístico, pela emergência do inglês como a nova língua franca. Dentro dessa conjuntura, ao contrário do que alguns pressupunham, o conhecimento de outros idiomas, dentre eles o português, não perdeu importância.

      Para que possa existir um efetivo intercâmbio cultural entre os diversos países, e não uma mera assimilação de valores de determinadas sociedades, é essencial que as particularidades culturais de cada nação sejam conhecidas e preservadas, o que implica necessariamente na valorização e no pleno conhecimento do idioma pátrio. No caso do Brasil, país multicultural por excelência, essa necessidade se revela ainda mais premente, uma vez que, diante das diferenças regionais, a língua portuguesa exerce importante papel na manutenção da identidade nacional. Analogamente, para aprender línguas estrangeiras, dentre elas a inglesa, é necessário conhecer primeiramente o próprio idioma.

       Dentro do processo de aprendizagem de línguas estrangeiras, o conhecimento da gramática da língua portuguesa desempenha um papel extremamente relevante. Numa análise semiótica, a gramática é o código que organiza a transmissão das mensagens linguísticas entre os usuários intérpretes e interpretantes. Não é possível escrever ou falar corretamente a própria língua, nem se adquirir fluência em língua estrangeira, sem o domínio pleno dos eixos da combinação (sintático) e da seleção (semântico) do português e da língua estrangeira.

       O âmbito da seleção é intimamente relacionado ao repertório vocabular que o usuário detém. Para a aquisição de repertório em idiomas estrangeiros (aprendizagem de palavras estrangeiras), o conhecimento dos termos do idioma português e de sua etimologia é de grande relevância. Por razões históricas, o latim e o grego antigo são idiomas que influenciaram, em maior ou menor grau, todas as línguas europeias modernas. Diante disso, conhecer os prefixos, sufixos e radicais gregos e latinos, os quais são basilares para a formação vocabular em diversos idiomas europeus, pode servir como um auxílio na aquisição de repertório. Outro mecanismo muito eficaz para isso é a leitura e o estudo da literatura nacional e estrangeira. No âmbito da combinação, por sua vez, o domínio da sintaxe, assim como o emprego adequado das conjunções, pronomes relativos e advérbios, desempenha um papel preponderante. Sem conhecer os conectores da língua, o usuário é capaz de construir apenas frases isoladas, desprovidas de coesão. Ocorre o que se convencionou denominar, no âmbito da semiótica, de afasia de combinação: o usuário é incapaz de estabelecer relações essenciais à transmissão de mensagens linguísticas, quais sejam: a coordenação e a subordinação em suas mais diversas formas (dentre outras, podem ser destacadas as relações de oposição, adição, concessão, causalidade e consequência). No caso das línguas germânicas, eslavas e urálicas, as quais, assim como o latim e grego antigo, são dotadas de declinações, o pleno domínio das classes sintáticas é fundamental, para que se consiga construir as mais elementares orações. Além disso, é importante ressaltar que, como o Brasil é um país em que as línguas estrangeiras não são cotidianamente faladas, o conhecimento do português adquire ainda mais importância, visto que os usuários não são expostos a idiomas estrangeiros por imersão.

        Por fim, convém destacar que, na conjuntura econômica atual, o Brasil se destaca como uma importante potência emergente, necessitando de capital intelectual para se manter em desenvolvimento. Com o crescimento econômico, o mundo passou a ver o nosso país e os brasileiros de outra forma, e um número crescente de oportunidades acadêmicas (fomentadas por universidades e instituições governamentais brasileiras e estrangeiras) tem surgido. Para terem condições de se posicionar adequadamente dentro dessa conjuntura, é necessário que os brasileiros, principalmente os mais jovens, estejam aptos para participar, em condições de igualdade, do diálogo intercultural global. Para tanto, o domínio de idiomas estrangeiros, principalmente o inglês, é fundamental, mas o caminho começa, indubitavelmente, pelo conhecimento da cultura e do idioma pátrio.

 

Ex-aluno: Dr. Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes Filho

Fluente em inglês, alemão, francês, espanhol e italiano.

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